Dona Vilma demorou a conhecer a televisão, porque, até os seus 20 anos, vivia numa cidade do interior da Bahia que não tinha energia elétrica.
Alguns anos depois, ela se tornou evangélica e deixou de acompanhar TV, por exigência da sua igreja. No máximo, ela se permite assistir aos noticiários. “Minha igreja diz que é proibido, que a TV tenha a imagem da besta, porque chama a atenção das pessoas”, diz ela.
Apesar de respeitar a opinião da sua igreja, ela não concorda com a decisão, porque diz que a televisão só pode tirar a atenção se as pessoas permitirem. Além disso, é contra a ideia de que pessoas de religião protestante não devam ter televisão em casa, defendida por muitos membros de sua igreja. “Se seu marido e seus filhos não são evangélicos, o que vamos fazer a respeito? Vai jogar a televisão fora? Não, não pode!”, critica.
Para Dona Vilma, os telejornais, únicos programas que acompanha, apesar de mostrarem coisas boas, também exibem muitas coisas que a deixam chateada, como temas relacionados a assassinatos. “Tem coisa que não dá nem pra gente assistir”, desabafa.
Mesmo sem ver com frequência as transmissões televisivas, ela descarta a ideia de não possuir um aparelho de TV em casa: “Como é que você tem uma sala que não tem uma TV, não tem um som? Como é que aquela sala vai ficar? Horrível!”, avalia.
Entrevista: Intermídia Cidadã (Fundação Tide Setubal)
Trecho extraído em: FEITOSA, Deisy Fernanda. A televisão na era da convergência digital das mídias. Uma reflexão sobre a comunicação comunitária [tese]. São Paulo: , Escola de Comunicações e Artes; 2015 [citado 2018-07-25]. doi:10.11606/T.27.2015.tde-24112015-101553.)